01 maio 2009

O sapo e o vagalume

Entre o gramado do campo
Modesto, em paz, se escondia
Pequeno pirilampo
que, sem o saber, luzia.

Feio sapo, repelente,
Sai do córrego lodoso,
Cospe a baba, de repente,
Sobre o inseto luminoso.

Pergunta-lhe o vagalume:
- "Porque me vens maltratar?"
E o sapo com azedume:
- "Porque estás sempre a brilhar!"

João Ribeiro (1860-1934)
Grande fabulário do Brasil


Este poema voltou à minha mente de um modo inusitado, eu o aprendi na infância e, inexplicavelmente, ainda o sei de cor. Busquei na internet e encontrei dois blogs que já o publicaram. Foi de lá que copiei o nome do autor, pois isso não recordava.

Como bióloga, devo discordar da descrição do nosso amigo batráquio: feio sapo, repelente… Entretanto vejo aqui a metáfora da inveja daquele que não brilha…

Fica o convite para a reflexão: estamos nos comportando como ‘sapos’?


o sapo e o vagalume

7 comentários:

  1. Compartilho a mesma experiência. "O Sapo e o Vagalume" faz parte do meu repertório de poemas e estorinhas decoradas desde a minha infância. Esta fez parte do meu livro do 2o. ano primário da Escola Americana Mackenzie. Nunca esqueci seus versos pois os sabia de cor de tantas vezes que tinha que escrever um poema após a aula por ter ficado de castigo. No começo até copiava do livro mas depois de um tempo já sabia tudo de cor e salteado. Era questão de cinco minutos e o "castigo" estava cumprido. Lembro-me de tudo, menos os motivos pelos quais recebia esses castigos. Estranho, acho que foram injustos assim como foi injusto chamar o nosso querido batráquio de feio e repelente.

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  2. Que coincidência eu hoje sentado à mesa junto de minha esposa me lembrei desse pequeno poema ,e que o recitei tantas vezes na minha infância e hoje não consegui me lembrar da primeira parte que diz entre o gramado do campo... falei poxa esqueci o início do poeminha,e falei vou perguntar para o Google e para minha surpresa encontrei vocês que bondosamente contribuem para que haridades como essa continuem vivas em nossa memória.abraço

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  3. Eu não poderia imaginar que tantas pessoas decoraram este poema, minha infância foi marcada por ele, participei de um show de talentos na escola e venci pois decorei-o todinho, que coisa maravilhosa

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  4. A minha mãe de 98 anos acabou de recitar este poema que aninha irmã mais velha também sabia...

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  5. Temos que tentar fazer com que a nossa cultura volte a condenar a inveja e a avareza quanto ao sapo era especificamente este não vamos generalizar

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  6. Dica impressionante eu amei e já indiquei para meus amigos muito obrigado por compartilhar conosco.

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  7. Ontem recordando minha infância, lembrei do dia que fui escolhida pra recitar este poema na escola em que estudava Grupo Escolar Pandiá Calógeras, na Moóca - SP. Incrível com certas lembranças ficam gravadas em nossos corações. Inesquecível.

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